segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Despedida iminente

Acho que chegou novamente aquele momento em que não tenho como resolver certos conflitos sem desistir das minhas ideias e magoar algumas pessoas. E o que eu fiz da outra vez que isso rolou? Precisei me mudar. Falando assim parece só coisa de adolescente rebelde, mas a real é que ter saído de casa naquela época foi importante pra amadurecer o jeito que meus pais olhavam pra mim em alguns aspectos e escolhas. Só que passados quase dois anos disso (depois de ter voltado a morar com eles), sinto que chegou a hora em que eu preciso desse espaço novamente.

É extremamente óbvio que é financeiramente confortável não depender só de você mesma, porque isso significa poder trabalhar e gastar aqui e ali com coisas não obrigatórias sem tanto peso no final do mês, e sem ficar faltando grana pra coisas como comida, aluguel etc. Mas no meio desse conforto financeiro começam a surgir pequenos desconfortos mentais, que com o passar do tempo se tornam maiores e implicam mais nas suas coisas diariamente. 

Eu deveria entender melhor que oficialmente a casa não é minha (eu moro nela mas não é minha haha) e que as regras da casa também não são minhas, porém eu deveria as obedecer cem por cento, pra que possa haver ordem e/ou harmonia dentro da casa. Só que convenhamos, isso nem sempre é fácil né! Ainda mais por eu ser uma pessoa tão diferente dos meus pais.

Quando eu saí a primeira vez, a minha bissexualidade e alguns ideais que eu tinha eram uma grande questão e haviam muitas coisas ditas que me magoavam e também as não ditas que pairavam no ar. Hoje em dia algumas questões mudaram e outras só se amontoaram e ficam em constante conflito, a espera de um acontecimento mais simples pra explodir e o clima ficar ruim.

Não sou mãe, mas imagino como deve ser estranho ter uma filha, tentar passar para ela alguns de seus princípios e ela crescer, conhecer mais do mundo e ter os próprios, que são bem diferentes dos seus. Só que ainda assim, é uma filha, não um depósito de esperanças, não alguém que nunca erra, não uma pessoa que nunca pode contestar regras e pensamentos seus. É alguém que você gerou e, querendo ou não, vai ter sua própria vida e escolher viver do jeito que quiser.

Quando se chega num ponto em que para viver dentro de um lugar você precisa podar boa parte de si, não faz mais sentido estar lá. Você sabe que a hora de partir é iminente, mas adia um pouco mais por diversas razões, só que no fundo tem certeza de que ela está chegando.

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