terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Vômito

Sabe aquela sensação que a gente tem de nunca pertencer a um local, de nunca se sentir bem consigo mesmo, de cobrar algo de si mesmo que você não corresponde, de não se entender, de não ser feliz quando “se vê”? Eu, assim como várias pessoas, sempre tenho essa sensação. Não me acho suficiente pra mim e nem para os outros, não me entendo a maior parte do tempo, estou sempre em conflito comigo mesma.
Mas atualmente ando gostando tanto da pessoa que sou. As músicas que ouço não são nem de longe as melhores, mas me fazem bem. Das pessoas com quem eu ando, algumas podem um dia me ferrar, mas todo mundo pode um dia te ferrar, então no final, é um tiro no escuro, e outras podem me elevar (não em sentidos materiais e terrenos). O que eu penso não condiz em quase nada com o que meus pais pensam, mas não tenho como mudar meu modo de pensar só por causa deles. O que eu falo não é o que eles gostariam de ouvir, mas é o que eu me sinto bem falando. Quem eu sou e como eu sou, não é nada mais nem nada menos do que só quem eu sou, entende?
Só que ao mesmo tempo em que me sinto muito feliz (mesmo!) do jeito que estou, irrito muito os meus pais. A opinião deles sempre foi importante pra mim, e isso acaba sendo um puta impasse, porque por mais que goste de como estou, eles sempre vão estar me cutucando por algo que estou fazendo, o que me deixa realmente bem triste.

Enfim, isso é só algo que eu precisava colocar pra fora de mim.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Nós

A lucidez te massacra todos os dias,
queira você admitir ou não.
E ao chegar a noite de domingo,
repensa as escolhas feitas na sua vida inteira;
questiona até a sua existência.
Não admite seus erros nem para si mesmo,
mas julga sem nenhum pudor as falhas realizadas ao seu redor.
Percebendo ou não,
você é um tremendo manipulador e, ousaria eu dizer,
medroso.

Onde estão as suas bases ao dialogar?
Onde estão as suas bases, meu amigo, ao viver?

Cansa de ouvir que deve estudar,
e repete sempre o mesmo discurso idiota de que não consegue,
mas não tenta;
e não absorve nem ao menos os discursos que dizem que cada um tem
"a sua área".
Ignorante com capa de especialista e ego elevado.
Ego elevado na superfície, pois quando está sozinho
(eu sei e você sabe)
não se conhece.

Onde está (e quem é) você?
Ninguém precisa saber a resposta tanto quanto o "eu".

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Desabafo da felicidade

Estou feliz, bem comigo mesma, como a um bom tempo já não me sentia.
Confesso que ainda tenho receio de mudanças, mas parece que quanto mais elas ocorrem mais me fazem crescer e no fim me fazem bem.
Estar com alguém pode até ter sido um erro considerando minha falta de maturidade e de real desejo, mas os perrengues internos que passei no tempo que estava com ele me fizeram aceitar um pouco mais minhas opiniões e me descobrir mais.
Mudar de escola, deixando de estar com os amigos todos os dias, foi triste nos dois primeiros dias. Agora vejo como eu precisava sair de lá. Eu estava voltando pra casa carregada de energia negativa todos os dias, e despejava essa mesma energia em todas as pessoas positivas e que gostam de mim. Me afundava cada vez mais achando que o problema era somente comigo, e vejo, que claramente não era.
Sinto que agora tenho a liberdade pra falar e fazer o que eu quiser e ser quem eu sou realmente. Começar de novo. Não quero (e não vou) me rotular, pelo menos não nessa fase boa pela qual estou passando, mas sei um pouco mais sobre certos aspectos da minha pessoa e não vejo necessidade em contá-los pra todos, mas quem sabe, sabe.
Ando me dedicando mais à dança e só consigo pensar em absorver tudo o que eu puder e dançar sem parar, todos os dias. Me dá uma sensação ótima estar em movimento e me expressando livremente de novo.
Precisava fazer esse desabafo.
Tô aqui pra ler (ou ouvir) o seu se quiser me contar.
Paz!

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Eu de julho

Incapaz e mentirosa;
porque a estupida cautela é excessivamente medonha e imobilizadora.
Torno meus atos inúteis com a mesma facilidade com que fico deitada no sofá o dia inteiro.
Atos estes que mudo a todo instante, por medo de definição
e estabilidade;
a estabilidade que eu tanto almejo e afasto com a mesma intensidade.
Aumento a energia negativa dos meus pensamentos, porque a positividade me atrai 
e me enoja.
Me perco nos meus pensamentos mais pessimistas e idiotas e
quero contá-los, mas sou incapaz
e mentirosamente exagerada.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Cansamos de ser pobres, mas se não fossemos,
talvez não entenderíamos a desigualdade social.
Cansamos de ser pretos, mas se não fossemos,
talvez não perceberíamos o racismo.
Cansamos de ser homossexuais, mas se não fossemos,
talvez não perceberíamos a homofobia.
Cansamos de ter doenças mentais, mas se não tivéssemos,
talvez não perceberíamos a psicofobia.
Cansamos de ser mulheres, mas se não fossemos,
talvez não saberíamos o que é o machismo e a desigualdade de gênero.

Cansamos de viver. Cansamos todos os dias.
Mas muitas vezes, nos agarramos a esperança de ver o mundo (de fato) melhorar, e por isso, mesmo exaustos, nos levantamos e tentamos continuar a viver.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Amor (início) // 2015

Certa vez, em uma conversa com um amigo, fui questionada sobre como eu descreveria o amor e, após me esforçar e deixar meus pensamentos se organizarem sozinhos, cheguei a um (simplório) início.
Parti do pressuposto de algo bom, que une pessoas, as liga a coisas, lugares, memórias, objetos e outros sentimentos. Não se percebe de imediato quando se ama algo ou alguém até perde-lo, ficar distante; até ‘se dar’ falta. Um simples sentimento que faz momentos serem compartilhados por instantes ou por um tempo indeterminável. É gerador de boas (e más) notícias e desencadeador de grandes situações e sentimentos.
Quando ligado a carinho, compaixão, atenção, causou grandes revoluções, internas e externas, muitas até hoje não descobertas nem por seus próprios criadores, e outras, mudaram o rumo da história das vidas de um todo.
Ele não é algo de todo bom, causa desgraças, mata, destrói, corrói, mente, muda; pelo simples fato, de ser colocado a quase todo momento em primeiro plano (pela maioria das pessoas), enchendo as ações do ser, de emoções, o fazendo não analisar sabiamente as possibilidades dentro de uma situação que a ele é imposta, e assim, age “sem pensar”. Custei para perceber que estava deixando o amor em primeiro plano na vida, e como muitas pessoas, tive que entender na raça que estava agindo de forma equivocada. Mas pelo menos entendi, certo?
Quando é colocado em primeiro plano, este retira o lugar da razão; da sabedoria, da busca pelo conhecer e pelo entender.
Confesso que sempre admirei pessoas que sabiam disso e deixavam a razão falar, para quase tudo. Porém admirava sem perceber e, talvez esse tenha sido um dos motivos para que eu tivesse que entender a importância de dar mais valor a razão, pois foi por meio dessa admiração que fui apresentada ao amigo que me questionou sobre o amor, e por causa dele, entendi que eu levava o “amor’ ao equivoco, e que eu deveria sempre me questionar antes sobre qualquer sentimento que surgisse em mim. Antes ele poderia até se sentir culpado por isso, mas agradeço a ele, por acelerar meu amadurecimento como pessoa e a me levar a um ‘start’ de questionar certos pontos da vida (não poderia escrever sobre tudo isso, sem te agradecer. Obrigada.)
Pessoas que enxergam isso (razão em primeiro plano e amor em segundo), tendem a pensar que nunca provaram do amor, porém já provaram e possivelmente provam. O amor, para mim, é subentendido como uma espécie de ‘sentimento-objeto’, pois têm facetas e jeitos diferentes; é possível amar um objeto, um lugar, uma memória, um ato, uma mania, uma pessoa. E as facetas do amor partem de pequenos opostos até atingir grandes e imensuráveis escalas. Eu as vejo como se fossem sentimentos derivados do amor, que em determinado sentido, são inseparáveis, indivisíveis dele.
Quem nunca brigou, discutiu, xingou ou pelo menos se irritou “por amor”? Por ofenderem ou desrespeitarem alguém, ou algo (como uma banda preferida, um local com um significado emocional, uma boa lembrança), que você ama, ou supostamente ama; supostamente porque o sentimento de amor, provavelmente está antes da razão no seu ser, e assim você provavelmente não analisa bem a situação afim de entender se ama ou se simplesmente gosta daquilo. E é nesse estado de raiva, de ira, de angustia ‘pelo amor’, que ele pode começar a se tornar algo ruim, por onde as pessoas causam brigas, guerras e vivenciam, o ódio.
É certo que o amor é ligado a outros sentimentos, mas, ao meu ver, o que tem maior ligação com ele, é o ódio; sem um, o outro certamente não existiria. Nosso ser “naturalmente” tem uma boa relação com algumas pessoas e coisas e uma má relação com outras, isso sem dar nomes a essas relações que temos dentro de nós. Então não haveria como um ser, amar a tudo, pelo menos uma coisa, de tudo que ele já conheceu, o desagradou, lhe traumatizou ou o fez sentir total repulsa.
O amor também gera pânico, desconforto, repreensão e o medo constante. Medo de perder, medo do equivoco, medo do erro, medo do “desconhecido”, e mesmo que pareça bobagem para alguns, medo do próprio medo.
Ele é temporário, mas ainda assim, o enxergo como um DOS sentimentos mais próximos do ‘duradouro’. Um exemplo é que, eu não amo ‘hoje’ as mesmas coisas que “amava” aos cinco anos de idade. Ele se transforma todos os dias e nos renova a cada transformação. Muitas vezes me pego no auto questionamento de “como eu amava isso?”, “por que eu amo isso?”, e o mais constante de todos: “eu realmente amo isso?”. Não é sempre que encontro uma resposta, pois como penso, o amor é um sentimento totalmente mutante, não escrachado, não se sabe logo de cara que o sente; é temporário mas é duradouro; é difícil, tanto no sentir, quanto no compreender; é cheio de controvérsias internas.

Somos humanos, precisamos do amor, ele nos deixa mais “humanos”, menos robotizados, e (deve) nos fazer pensar, questionar, desconfiar, desacreditar, esperar. Pensar e questionar o porquê o sentimos, em quais situações o sentimos. Desconfiar se é necessário para isso, desconfiar se vai me fazer bem, desconfiar se vai me ajudar. Desacreditar que ele é a chave para tudo, pois não é, desacreditar que basta só ter amor que se é totalmente feliz, desacreditar que com o amor se têm tudo. Esperar o momento certo pra expressar amor, esperar ter certeza de que estamos sentindo o amor, esperar para entendermos a nós mesmos, para depois tentarmos identificar o amor nas outras pessoas, esperar o suficiente para aprendermos a não julgar nada com base no amor que nós sentimos e entender que eu, você, seu amigo, sua mãe, seu esposo, enfim, que ninguém é obrigado a partilhar do mesmo sentimento que ninguém, seja por alguém, ou por algo.

Adriana* e eu

Adriana* era uma menina comum. Sofria com conflitos em casa e confusões internas; mas lidava bem com todos eles e não os demonstrava para qualquer um. Até que seus pais se separaram definitivamente e de uma maneira brusca. Sua mente entrou em desespero pra fugir de tudo aquilo e ela acabou contando o que não devia, xingando quem não merecia, bebendo em lugares errados, confiando e se entregando a quem REALMENTE não a merecia, e fez mal a ela, o que só a afundou mais.
Ela recorreu a seus amigos, o que funcionou durante muitos meses, mas então ela estourou novamente e repetiu a dose. Com um acréscimo, quase perdeu sua virgindade com um cara que ela não tinha a mínima intenção de que isso ocorresse, por conta do excesso de álcool ingerido naquela tarde. Chorou contando isto pra mim.
Aguentou firme durante mais um tempo. Então sua mãe "decidiu" mudar de cidade e ela teve que deixar todos nós para trás. 
Poderíamos ter seguido em frente com nossa amizade, mas a distância não fez bem para nós, a cada ligação brigávamos por um motivo aleatório e nenhuma aguentou.
Se ler este texto, saiba que eu sinto falta dos bons e maus momentos que passamos juntas, das risadas e dos choros, mas sua vida deve estar melhor sem mim. Mudei bastante desde a última vez que nos falamos e acho que não sou mais a menina que você considerava melhor amiga.
Enfim, paz!

sexta-feira, 13 de maio de 2016

DESCRIÇÃO

Fechada e aberta.
Isolante interno.
Seca, morta e caída.
Fios de lã extremamente embrulhados.
Cão espancado quando um estranho se aproxima.
Lousa com três matérias.
Chiclete pisado e colocado embaixo da carteira.
Segunda ou terceira.
Teclado com poeira de quatro meses atrás.
Ebulição.
Fone de ouvido com um lado funcionando.
Frases repetidas.
Trabalho sempre atrasado.
Filme com o Johnny Depp e bilheteria fraca.
Cubo mágico.
Anotações de história.
Leitura obrigatória nunca lida.
Falso truco.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Para uma criança (ou alguém que ainda tem a sua interna)

Oi. Como vai?
Bom, você certamente não me conhece, e eu também não te conheço. Mas fui estimulada a te escrever uma carta, contando como uma criança deve se portar, e o que você deve fazer para, ‘fazer a coisa certa’, então vamos lá.
Não tire caca do nariz em público, faça igual aos adultos, vá a um cantinho e tire, ninguém pode te ver sendo, um ser humano. Jamais continue a chupar dedo depois que fizer três anos, onde já se viu criança continuar chupando o dedo nessa idade. Não corra demais quando estiver só você e seus pais, você pode se machucar, mas se estiver na companhia de um amiguinho e sua família, corra o máximo que puder, você tem que dar orgulho para os seus pais. Não ligue se alguém te xingar, mas nunca xingue outras pessoas, é feio! Não fale com estranhos, eles podem te sequestrar, te matar, abusar de você, te cortar e muito mais, mas faça amigos. Não tenha medo dos animais e dos insetos, eles são tão bonzinhos,...’OLHA AQUELA BARATA, MATA ELA, MATA!”. Não tenha medo do médico e do dentista, eles não são monstros,...“não Caique, já disse, não vou ao dentista, você acha que sou o que? Louca?”. Divida seu lanche com os coleguinhas, mas não peça comida a ninguém pois é falta de educação. Seja bonzinho, solidário, mas não aceite dar nenhum abraço em um estranho, algo ruim pode acontecer. Não desobedeça seus pais e respeite os mais velhos, eles estão aqui a muito mais tempo. Cumpra todas as regras, ninguém quer ser julgado ou preso por sair da linha. Não queira ter autoridade, afinal você é só uma criança e não faz a menor ideia do que há no mundo. Pense no que irá fazer quando ficar mais velha, afinal você não tem autoridade, mas tem que começar a decidir o seu futuro. Estude, mas não muito, senão ficará sem amiguinhos. Brinque, mas não a todo tempo, você tem que estudar. Tenha amigos, mas cuidado, eles podem te levar para um mal caminho docinho. Se esforce pra tudo, mas não refute se alguém disser que você não pode fazer isso ou aquilo, pois querida, você é só uma criançinha. Nunca questione o porquê de nada, você ainda não tem idade pra saber das coisas. Não faça muitas perguntas aos adultos, assim você pode constrangê-los por não saber o que responder a um ser que tem menor idade do que eles. Se você souber de algo que eles não saibam, não pergunte, e esqueça que sabe, isso pode prejudicá-los.
Quer saber? Faça o que tiver que ser feito. Você é criança, brinque, estude, saia, converse, ajude, pule, curta, ouça; mas faça. E sem essa de não perguntar nada aos adultos ou não questioná-los pra que eles não passem vergonha, pergunte o que quiser, descubra, sem ter medo. Um dia você vai crescer, ser jovem, adulto, idoso, e vai querer voltar no tempo, voltar a ser inocente e sem vergonha, vai querer poder fazer o que quiser, mas não vai, porque está doente, cansado, porque está sem dinheiro, não tem como trabalhar, a aposentadoria não caiu ainda.
Então seja você mesmo e aproveite o máximo que conseguir. Por mim, por todos os jovens, adultos e idosos.
E se não souber o que alguma palavra desta carta significa, não deixe de perguntar a um adulto ou procurar no dicionário certo?
Mayara.
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Texto dedicado ao projeto 642 coisas sobre as quais escrever, este é o tema 28: Escreva uma carta à uma criança, explicando-a como fazer certa coisa.
Fiquei um tempo sem escrever nada relacionado ao projeto, mas quero voltar esse ano.

domingo, 31 de janeiro de 2016

Definição mortal

Definição mental;
interna.
Necessária!

Pra que menina?
Seja um passarinho.
Pouse em um galho seguro,
Mas por favor, voe logo.
Se ficar tempo demais,
Você se esquece como voa.
Ele quebra!
E então?

Seu galho amado,
Será sua morte, tumulo,
E inclusive seu epitáfio.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Definição interna

Durante todo esse tempo que empaquei em tentar me entender, acabei entendendo uma coisa: eu estava esperando o inesperável. Me entender não vai acontecer da noite para o dia, não é ouvindo um estilo musical num dia que eu vou me apaixonar por ele. Então percebi que, enquanto eu tentar me encaixar mentalmente em determinado “grupo” da sociedade (pessoas que gostam de dançar, de forfun, disso, daquilo e mais), não vou estar tentando me entender, e sim tentando me formular para estar em um grupo.
E sabe o mais legal de tudo o que eu percebi? Que não é preciso me definir, e que na verdade, é muito chato se definir. Porque estarei sempre em mudança interna e, me definir totalmente, vai ser sempre impossível. O mundo tem muitas incertezas, e escolher entre ouvir ‘história de verão’ e ‘geração coca cola’ é apenas mais uma delas.
Senti a necessidade de me mostrar que: não preciso me encaixar em nada, simplesmente ser eu mesma. Se uma única música de uma banda de sete álbuns me agradar, se uma única palestra de um alguém renomado tiver me ajudado em algo, qual o problema?
Você consegue entender o que estou dizendo? Não tem problema nenhum em não me entender totalmente, gostar de ler um livro de um estilo já está de bom tamanho, porque eu não preciso escolher um gênero favorito, posso simplesmente gostar de um livro de tal gênero.

Não preciso ter o objetivo de me encontrar, pois quando encontrar um objetivo para isso, talvez, ele me desfaça (intelectualmente e emocionalmente).

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Primeiro melhor beijo

O melhor beijo que me lembro, sem sombra de dúvida. Quebrou toda a monotonia. Tinha sentimento. Pelo menos tinha. Não anseio repeti-lo, só gosto do sentimento que recorda-lo me trás.
Nome de figura importante para o Brasil e de “uma porra de nome bíblico” como você me disse uma vez. Nome desgraçado com todo o respeito. Pelo meu curto tempo de vida, conheci vários Matheus, Lucas, Gabriel, João, Pedro. Mas você. Porra, você! Mesmo depois de parar definitivamente de projetar um futuro pra nós dois, ainda te acho incrível. Indescritível pra ser mais exata. “Não gosto de me definir”, e realmente, você não precisa, suas palavras e ações expressam quem você “é”.
Já disse tantas vezes que não sinto nada mais além do que o desejo de ser sua amiga, e realmente não sinto nada mais do que isto. Mas não consigo, de verdade, não consigo entender o motivo pelo qual sempre me pego pensando em você. Não em "você e eu", nem no que você faria no futuro, no que você estaria fazendo no momento, penso simplesmente, em você. Na sua forma física, no seu modo de pensar e de agir. Simples. Ou pelo menos deveria ser, mas claramente, não é.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Sinceramente, nada.

Sinceramente, pensar em mim mesma tem sido uma das maiores dificuldades que ando tendo ultimamente. Não no sentido de não me “valorizar”, não cuidar de mim, e outras coisas desse tipo. Vem sido difícil me entender. Entender meus gostos “base”, aqueles que demoram anos e anos para mudar na vida das pessoas, entender como eu penso, entender minhas necessidades básicas, não como ‘ser humano’, mas sim como ‘pessoa’, como Mayara, entender o que ‘realmente’ me tira do sério, entender o que quero, pro meu presente, amigos, metas, pro meu futuro, cursos, profissionalização, entender o porque está sendo tão difícil conseguir entender o mínimo possível sobre mim. SOBRE MIM!
Ao começar a pensar sobre isso, ao tentar me entender, eu sinto como se estivesse entrando em um lugar totalmente escuro, e andando, e andando, e andando pra lugar nenhum. Chego a sentir como se a “pessoa que eu sou”, fosse uma simples projeção do tipo de pessoa que eu “admiro”, como se eu estivesse fingindo ser um alguém que eu não sou, e que no fundo eu não faço a mínima ideia de quem eu sou!
Passo horas pensando nisso, e parece que nunca saio do mesmo lugar. Ouço diversos estilos de música pra tentar encontrar aquele com o qual eu me identifico mais, nada. Assisto diversos gêneros de filmes para tentar achar aquele que eu poderia assistir pro resto da vida, nada. Leio diversos gêneros pra tentar me encontrar em algum deles, nada. Pesquiso sobre diversos assuntos, tento os entender afundo, me informar, ter um conhecimento a mais, ter um posicionamento, ter uma opinião no mínimo base para diversos assuntos, nada; meu esforço nessa área chega a parecer inútil! Pesquiso sobre cursos, profissões que eu gostaria de exercer no futuro, que tivessem coisas haver com o que eu gosto de fazer, de estudar, mas é aí que está o principal problema, eu não me conheço! De verdade, estou tentando explicar tudo que eu estou sentindo desde o começo desse texto, mas até aqui, acho que ainda não saí do lugar.
Eu não me conheço, não sei quem sou. Claro que sei o básico: Mayara Miquelotto da Silva, 15 anos, Campinas – São Paulo, 16 de Novembro de 2000. Mas não conheço meus gostos (como disse no começo do texto, viu?), por conta disso não sei o que quero fazer, não sei o que esperar de amizades, não sei o que esperar nem dos meus pais, não sei o que esperar de alguém que vai estar comigo no futuro, porque eu simplesmente, não sei o que esperar nem de mim. Me sinto tola, idiota, fútil, por “pensar” assim.
É clichê falar isso, mas sinto como se eu não fosse absolutamente nada pra ninguém, nada, nadinha mesmo; que todos os que estão ligados a mim de alguma forma não me conhecem, porque nem eu me conheço. Por não me identificar como ‘quase’ nada, não me sinto necessária pra esse mundo, não sinto que faria falta pra maior parte das pessoas, e realmente não faria, afinal, quem sou pra alguém de Minas Gerias, por exemplo? Ninguém de lá sabe que eu existo! Não penso em tirar minha vida, mas sinto que se eu simplesmente me deitasse o dia todo, não comesse, não saísse, não conversasse com ninguém, não assistisse, não ouvisse, não “vivesse”, seria a mesma coisa que “viver” do modo como eu “vivo”.

Em termos gerais, sem tentar rebuscar nada, sem tentar engrandecer a ninguém que conheço, sem tentar fingir ser algo que não sou, me sinto simplesmente, inútil.