quinta-feira, 9 de junho de 2016

Amor (início) // 2015

Certa vez, em uma conversa com um amigo, fui questionada sobre como eu descreveria o amor e, após me esforçar e deixar meus pensamentos se organizarem sozinhos, cheguei a um (simplório) início.
Parti do pressuposto de algo bom, que une pessoas, as liga a coisas, lugares, memórias, objetos e outros sentimentos. Não se percebe de imediato quando se ama algo ou alguém até perde-lo, ficar distante; até ‘se dar’ falta. Um simples sentimento que faz momentos serem compartilhados por instantes ou por um tempo indeterminável. É gerador de boas (e más) notícias e desencadeador de grandes situações e sentimentos.
Quando ligado a carinho, compaixão, atenção, causou grandes revoluções, internas e externas, muitas até hoje não descobertas nem por seus próprios criadores, e outras, mudaram o rumo da história das vidas de um todo.
Ele não é algo de todo bom, causa desgraças, mata, destrói, corrói, mente, muda; pelo simples fato, de ser colocado a quase todo momento em primeiro plano (pela maioria das pessoas), enchendo as ações do ser, de emoções, o fazendo não analisar sabiamente as possibilidades dentro de uma situação que a ele é imposta, e assim, age “sem pensar”. Custei para perceber que estava deixando o amor em primeiro plano na vida, e como muitas pessoas, tive que entender na raça que estava agindo de forma equivocada. Mas pelo menos entendi, certo?
Quando é colocado em primeiro plano, este retira o lugar da razão; da sabedoria, da busca pelo conhecer e pelo entender.
Confesso que sempre admirei pessoas que sabiam disso e deixavam a razão falar, para quase tudo. Porém admirava sem perceber e, talvez esse tenha sido um dos motivos para que eu tivesse que entender a importância de dar mais valor a razão, pois foi por meio dessa admiração que fui apresentada ao amigo que me questionou sobre o amor, e por causa dele, entendi que eu levava o “amor’ ao equivoco, e que eu deveria sempre me questionar antes sobre qualquer sentimento que surgisse em mim. Antes ele poderia até se sentir culpado por isso, mas agradeço a ele, por acelerar meu amadurecimento como pessoa e a me levar a um ‘start’ de questionar certos pontos da vida (não poderia escrever sobre tudo isso, sem te agradecer. Obrigada.)
Pessoas que enxergam isso (razão em primeiro plano e amor em segundo), tendem a pensar que nunca provaram do amor, porém já provaram e possivelmente provam. O amor, para mim, é subentendido como uma espécie de ‘sentimento-objeto’, pois têm facetas e jeitos diferentes; é possível amar um objeto, um lugar, uma memória, um ato, uma mania, uma pessoa. E as facetas do amor partem de pequenos opostos até atingir grandes e imensuráveis escalas. Eu as vejo como se fossem sentimentos derivados do amor, que em determinado sentido, são inseparáveis, indivisíveis dele.
Quem nunca brigou, discutiu, xingou ou pelo menos se irritou “por amor”? Por ofenderem ou desrespeitarem alguém, ou algo (como uma banda preferida, um local com um significado emocional, uma boa lembrança), que você ama, ou supostamente ama; supostamente porque o sentimento de amor, provavelmente está antes da razão no seu ser, e assim você provavelmente não analisa bem a situação afim de entender se ama ou se simplesmente gosta daquilo. E é nesse estado de raiva, de ira, de angustia ‘pelo amor’, que ele pode começar a se tornar algo ruim, por onde as pessoas causam brigas, guerras e vivenciam, o ódio.
É certo que o amor é ligado a outros sentimentos, mas, ao meu ver, o que tem maior ligação com ele, é o ódio; sem um, o outro certamente não existiria. Nosso ser “naturalmente” tem uma boa relação com algumas pessoas e coisas e uma má relação com outras, isso sem dar nomes a essas relações que temos dentro de nós. Então não haveria como um ser, amar a tudo, pelo menos uma coisa, de tudo que ele já conheceu, o desagradou, lhe traumatizou ou o fez sentir total repulsa.
O amor também gera pânico, desconforto, repreensão e o medo constante. Medo de perder, medo do equivoco, medo do erro, medo do “desconhecido”, e mesmo que pareça bobagem para alguns, medo do próprio medo.
Ele é temporário, mas ainda assim, o enxergo como um DOS sentimentos mais próximos do ‘duradouro’. Um exemplo é que, eu não amo ‘hoje’ as mesmas coisas que “amava” aos cinco anos de idade. Ele se transforma todos os dias e nos renova a cada transformação. Muitas vezes me pego no auto questionamento de “como eu amava isso?”, “por que eu amo isso?”, e o mais constante de todos: “eu realmente amo isso?”. Não é sempre que encontro uma resposta, pois como penso, o amor é um sentimento totalmente mutante, não escrachado, não se sabe logo de cara que o sente; é temporário mas é duradouro; é difícil, tanto no sentir, quanto no compreender; é cheio de controvérsias internas.

Somos humanos, precisamos do amor, ele nos deixa mais “humanos”, menos robotizados, e (deve) nos fazer pensar, questionar, desconfiar, desacreditar, esperar. Pensar e questionar o porquê o sentimos, em quais situações o sentimos. Desconfiar se é necessário para isso, desconfiar se vai me fazer bem, desconfiar se vai me ajudar. Desacreditar que ele é a chave para tudo, pois não é, desacreditar que basta só ter amor que se é totalmente feliz, desacreditar que com o amor se têm tudo. Esperar o momento certo pra expressar amor, esperar ter certeza de que estamos sentindo o amor, esperar para entendermos a nós mesmos, para depois tentarmos identificar o amor nas outras pessoas, esperar o suficiente para aprendermos a não julgar nada com base no amor que nós sentimos e entender que eu, você, seu amigo, sua mãe, seu esposo, enfim, que ninguém é obrigado a partilhar do mesmo sentimento que ninguém, seja por alguém, ou por algo.

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