sexta-feira, 8 de julho de 2016

Eu de julho

Incapaz e mentirosa;
porque a estupida cautela é excessivamente medonha e imobilizadora.
Torno meus atos inúteis com a mesma facilidade com que fico deitada no sofá o dia inteiro.
Atos estes que mudo a todo instante, por medo de definição
e estabilidade;
a estabilidade que eu tanto almejo e afasto com a mesma intensidade.
Aumento a energia negativa dos meus pensamentos, porque a positividade me atrai 
e me enoja.
Me perco nos meus pensamentos mais pessimistas e idiotas e
quero contá-los, mas sou incapaz
e mentirosamente exagerada.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Cansamos de ser pobres, mas se não fossemos,
talvez não entenderíamos a desigualdade social.
Cansamos de ser pretos, mas se não fossemos,
talvez não perceberíamos o racismo.
Cansamos de ser homossexuais, mas se não fossemos,
talvez não perceberíamos a homofobia.
Cansamos de ter doenças mentais, mas se não tivéssemos,
talvez não perceberíamos a psicofobia.
Cansamos de ser mulheres, mas se não fossemos,
talvez não saberíamos o que é o machismo e a desigualdade de gênero.

Cansamos de viver. Cansamos todos os dias.
Mas muitas vezes, nos agarramos a esperança de ver o mundo (de fato) melhorar, e por isso, mesmo exaustos, nos levantamos e tentamos continuar a viver.